No mundo dos negócios, o que vemos é só a superfície. Por trás de cada nota fiscal, cada mercadoria no estoque ou valor na conta bancária, existe uma história que pode ser contada. E essa história se revela, page after page, em um dos relatórios mais clássicos e necessários da contabilidade: o balanço patrimonial.
Durante nossa trajetória na Prèzzo Contabilidade, já ouvimos perguntas como “mas para que serve mesmo esse tal de balanço?” ou “precisa fazer se sou MEI?”. Se essas dúvidas já passaram pela sua mente, respire fundo. Preparamos este guia para descomplicar o conceito, mostrar, no detalhe, para que serve, quem deve fazer, a estrutura e como utilizar o balanço a favor da saúde financeira da sua empresa.
O que é balanço patrimonial e por que ele existe?
Balanço patrimonial é o retrato da situação econômica e financeira de uma empresa em determinado momento.A ideia é simples: colocar, lado a lado, tudo que a empresa possui e o que ela deve, finalizando com aquilo que realmente é dos sócios, chamado de patrimônio líquido.
Tudo que entra ou sai da empresa aparece lá.
Sua elaboração segue regras da legislação e dos órgãos reguladores, servindo como ponto de partida para análises, decisões estratégicas e até mesmo para regularização fiscal. O balanço patrimonial não é um bicho de sete cabeças, mas exige critério, organização e conhecimento das normas.
Segundo a NBC TG 1001 (norma de contabilidade para pequenas empresas), devem aparecer no mínimo contas como caixa, estoques, ativos imobilizados, fornecedores, financiamentos, impostos a pagar e o patrimônio dos sócios. Ou seja, não basta anotar qualquer coisa: há uma estrutura.
Quem é obrigado a elaborar esse relatório?
No Brasil, sociedades empresariais e sociedades limitadas precisam apresentar esse demonstrativo ao final de cada exercício social. Empresas do regime lucro real e presumido têm obrigatoriedade, enquanto microempreendedores individuais (MEIs) e empresas do simples nacional contam com regras mais flexíveis.De qualquer modo, mesmo pequenas empresas e MEIs se beneficiam do uso do balanço patrimonial para controle e crescimento financeiro, mesmo quando não é uma obrigação legal.
Segundo estudo do IBGE (em 2022 o Brasil já contava com mais de 14,6 milhões de MEIs ativos), o cenário destaca a relevância de conceitos financeiros sólidos desde o começo.
Estrutura do balanço patrimonial: entenda cada parte

- Ativo: onde ficam os bens e direitos da empresa;
- Passivo: onde estão as obrigações e dívidas;
E entre elas, o patrimônio líquido, que revela o que de fato sobrou aos sócios ou investidores.
Ativo: o que a empresa possui e tem a receber
Os ativos são os itens que podem gerar benefícios no futuro. De modo simplificado, dividem-se em circulante (de curto prazo, até 12 meses) e não circulante (longo prazo). Veja exemplos:
- Caixa e dinheiro em bancos;
- Contas a receber de clientes;
- Estoque de mercadorias;
- Aplicações financeiras;
- Equipamentos, veículos e imóveis (ativo imobilizado);
- Investimentos de longo prazo.
Dinheiro, produtos e direitos a receber: tudo isso compõe o ativo.
Passivo: o que a empresa deve ou vai precisar pagar
No passivo, aparecem as obrigações e dívidas. Diferenciam-se obrigações de curto prazo (circulante) das de longo prazo (não circulante). Exemplos comuns:
- Fornecedores pendentes;
- Empréstimos bancários a pagar;
- Salários e encargos sociais;
- Impostos a recolher;
- Financiamentos de longo prazo;
- Provisões para despesas futuras.
- Se a empresa deve a alguém, está aqui.
Patrimônio líquido: a soma do que pertence aos sócios
O patrimônio líquido é a diferença entre o total do ativo e o passivo. Ou seja, é a fatia de recursos trazida pelos sócios, mais o resultado das operações e reservas acumuladas. Ele mostra:
- Capital social (o dinheiro investido por quem abriu a empresa);
- Reservas de lucros (parte do lucro que não foi retirada);
- Prejuízos acumulados, se existirem.
Patrimônio líquido diz quanto da empresa realmente é dos donos.
Balanço patrimonial sempre precisa estar equilibrado?
Sim, por definição, o total do ativo será sempre igual à soma do passivo com o patrimônio líquido. Se há divergências, provavelmente temos algum erro de cálculo ou omissão de dados.
Exemplo simples: visualizando um balanço patrimonial
Vamos supor um microempreendedor do ramo de alimentação, que vende lanches em carrinho de rua, com o seguinte cenário em 31 de dezembro:
- Dinheiro em caixa: R$ 2.000,00
- Conta bancária: R$ 5.000,00
- Estoque de produtos: R$ 1.000,00
- Equipamentos (carrinho e utensílios): R$ 3.000,00
- Contas a pagar para fornecedor: R$ 1.500,00
- Empréstimo bancário: R$ 3.000,00
- Capital investido pelo empreendedor: R$ 6.500,00
O resultado ficaria assim:
- Ativos totais: R$ 2.000 + R$ 5.000 + R$ 1.000 + R$ 3.000 = R$ 11.000
- Passivos totais: R$ 1.500 + R$ 3.000 = R$ 4.500
- Patrimônio líquido: R$ 11.000 - R$ 4.500 = R$ 6.500
O balanço patrimonial mostra, de forma clara, o resultado econômico da empresa num determinado dia.
Etapas de elaboração: como montar o balanço patrimonial na prática?
A rotina pode variar conforme o porte da empresa, mas seguimos um processo geral como este:
- Levantamento dos saldos: reunir documentos, extratos, registros de estoque e recibos, além de contratos e notas fiscais.
- Classificação das contas: organizar o que é ativo, passivo ou patrimônio líquido, respeitando a estrutura prevista na legislação e na NBC TG 1001.
- Lançamento dos valores: inserir os dados na planilha ou sistema contábil apropriado.
- Revisão dos totais: conferir se os saldos batem e se não há falhas de digitação ou cálculos.
- Assinatura do profissional: quando exigido, o contador responsável valida o documento.
Organização dos dados e conferência são passos que fazem toda a diferença.
Além disso, é importante entender a periodicidade. Por lei, o balanço patrimonial deve ser feito ao menos uma vez por ano, ao final do exercício fiscal, normalmente em 31 de dezembro. No entanto, empresas que buscam maior controle interno revisam essas informações trimestralmente, ou até mensalmente!
Cuidados que evitam problemas
- Separar movimentações pessoais das empresariais;
- Registrar todas as entradas e saídas, sem exceção;
- Arquivar comprovantes por pelo menos cinco anos;
- Atualizar controles frequentemente, não apenas ao final do ano.
Se quiser outras dicas de controle financeiro, sugerimos a leitura do nosso conteúdo sobre controle financeiro empresarial.
Principais contas e a adequação à NBC TG 1001
- O ativo precisa discriminar caixa, bancos, recebíveis de clientes, estoques, investimentos, máquinas e imóveis;
- O passivo exige detalhamento de obrigações com fornecedores, empréstimos, tributos, salários e provisões;
- No patrimônio líquido, inclua o capital social, reservas, lucros ou prejuízos acumulados.
As normas completas podem ser conferidas na regulamentação da NBC TG 1001.
Indicadores financeiros derivados do balanço patrimonial
Mais do que cumprir regra, o balanço patrimonial é um verdadeiro mapa da saúde do negócio. A partir dele, podemos calcular índices simples, mas poderosos, para ajudar a entender:
- Se a empresa está se endividando além do que pode pagar;
- Se existe caixa para despesas futuras;
- Se o valor investido está crescendo ou sendo consumido.
Indicadores como liquidez, endividamento e rentabilidade saem diretamente do balanço patrimonial.
Alguns exemplos de indicadores:
- Liquidez corrente: Ativo circulante dividido pelo passivo circulante. Indica a capacidade de pagar as dívidas de curto prazo. Valor acima de 1 significa que há mais recursos do que dívidas vencendo em breve.
- Endividamento total: Soma do passivo sobre o ativo total. Mostra o quanto a empresa depende de recursos de terceiros.
- Composição do patrimônio líquido: Permite enxergar se os recursos próprios estão crescendo, ou se os sócios estão tendo que colocar mais dinheiro constantemente.
Como saber se a empresa está saudável?
A leitura do balanço permite uma análise simples:
- O ativo aumenta, mas o passivo cresce mais rápido? Atenção, risco de endividamento.
- Patrimônio líquido reduz ano a ano? Pode indicar prejuízos constantes ou retirada excessiva dos sócios.
- Ativo praticamente igual ao passivo? O negócio pode estar sem reservas para investir ou enfrentar imprevistos.
Indicadores transformam o balanço patrimonial em uma fonte valiosa para decisões.
Balanço patrimonial e DRE: diferenças e complementos
É fácil confundir, mas são relatórios diferentes. Balanço patrimonial mostra a foto de bens, direitos e dívidas. DRE (Demonstração de Resultado do Exercício) apresenta o filme, o resultado das operações naquele período.
No balanço patrimonial, vemos o que a empresa tem e deve. No DRE, vemos o quanto lucrou ou teve prejuízo, detalhando receitas, despesas, custos e impostos.
Ambos são partes centrais da contabilidade, mas cada um tem sua finalidade. Quando analisados juntos, mostram um panorama completo: como a empresa termina o ano e como chegou até ali.
Quando usar cada relatório?
- Balanço patrimonial: avaliar saúde financeira, obtenção de crédito, planejamento fiscal e regularização de obrigações.
- DRE: análise de desempenho, identificação de gargalos de custo e margem, acompanhamento do lucro ou prejuízo.
Indicamos um conteúdo detalhado para quem está avaliando mudança tributária em seu negócio no artigo sobre reforma tributária para empresas e MEIs.
Normas contábeis: por que seguir e como se manter regular?
Normas contábeis, como as da NBC TG 1001, garantem que todas as empresas sigam padrões que facilitam a comparação, análise e fiscalização. Cumpri-las protege a empresa de problemas legais, fiscais e até criminais.
- O balanço precisa representar a realidade da empresa, sem omissões ou “maquiagens”;
- Movimentações financeiras têm que ser documentadas e lícitas;
- Declarações erradas podem invalidar contratos, dificultar crédito ou gerar multas;
- Auditorias e órgãos fiscalizadores levam as normas muito a sério.
A regularização fiscal, inclusive para pequenas empresas, é ampliada com documentos contábeis corretos. No caso do setor público, por exemplo, os dados do Tesouro Nacional em 2024 mostram a dimensão e a padronização destes demonstrativos para confiança do mercado e da sociedade.

Importância do balanço patrimonial para a tomada de decisão
Não é só uma obrigação, o balanço serve como termômetro. Empresas que monitoram seu patrimônio:
- Tomam decisões de investimento de forma informada;
- Negociam crédito bancário com base em dados sólidos;
- Evitam problemas fiscais por mostrar transparência e regularidade;
- Conseguem planejar crescimento sustentado;
- Identificam pontos fracos rapidamente, evitando surpresas desagradáveis.
Segundo o relatório do Ministério da Economia em 2024, as microempresas e MEIs ainda são minoria entre exportadores, mas com informações contábeis corretas, podem ganhar competitividade e buscar novos mercados.
O que muda para MEIs e pequenas empresas?
Muitos microempreendedores pensam que relatórios como esse não são para o seu porte, mas não é verdade. Apesar da legislação aliviar a obrigatoriedade do balanço para MEIs (o foco é a Declaração Anual de Faturamento), quem faz o controle patrimonial:
- É valorizado em pedidos de crédito bancário;
- Facilita abertura de contas ou participação em licitações;
- Consegue apresentar evolução do negócio de maneira clara, até para possíveis investidores ou sócios.
O mapa do empreendedorismo brasileiro de 2024 aponta mais de 14,5 milhões de empresários individuais ativos, mostrando o potencial dessas práticas em larga escala.
A Prèzzo Contabilidade guia MEIs e pequenos empresários para aplicar controles simples, que melhoram o dia a dia e preparam o negócio para crescer com segurança. Temos um artigo específico para quem está escolhendo um escritório de contabilidade alinhado às necessidades atuais, com orientação clara sobre tudo que envolve contabilidade digital e humana.
Conclusão
O balanço patrimonial é extremamente mais do que burocracia. É uma ferramenta prática, útil e até libertadora para empresas de qualquer porte, inclusive para microempreendedores. Sabendo interpretar, serve muito além de satisfazer regras. Ajuda a construir um caminho de crescimento, estabilidade e conquista financeira real.
Na Prèzzo Contabilidade, acreditamos que bons negócios começam com informações verdadeiras e organizadas. E que o apoio certo, a leitura simples e o acesso ao conteúdo educativo, como nosso canal exclusivo para clientes, podem transformar o balanço patrimonial em um aliado da gestão.
Quer orientação para implantar de vez um controle patrimonial que faça sentido para o seu negócio? Fale conosco pelo WhatsApp e conheça nosso atendimento personalizado. Aproveite a oportunidade de crescer com segurança, regularidade e apoio especializado!
Perguntas frequentes
O que é balanço patrimonial?
Balanço patrimonial é um relatório contábil que mostra, em um determinado dia, os bens, direitos, obrigações e a posição do patrimônio líquido de uma empresa. Ele destaca quanto do que existe dentro da empresa realmente pertence ao negócio, aos sócios e quanto está comprometido com terceiros.
Como fazer um balanço patrimonial simples?
Para montar um balanço patrimonial simples, comece listando todos os bens (dinheiro em caixa, contas a receber, estoque), depois some as dívidas e obrigações (contas a pagar, empréstimos). Por fim, subtraia as obrigações dos bens para encontrar o patrimônio líquido. Use sempre registros atualizados, sem misturar contas pessoais e empresariais.
Preciso de contador para elaborar o balanço?
Na maioria dos casos, é recomendável consultar um contador para garantir que todas as normas e exigências legais sejam cumpridas corretamente. Porém, para MEIs e negócios bem pequenos, pode-se elaborar um controle básico, desde que se atente à fidelidade das informações e organização dos dados.
Quais informações aparecem no balanço patrimonial?
No balanço patrimonial aparecem bens (como dinheiro, contas a receber, estoques e ativos fixos), obrigações (empréstimos, fornecedores, tributos a pagar), além do patrimônio líquido, que reflete o capital dos sócios, reservas e lucros acumulados ou prejuízos. Tudo dividido entre ativos, passivos e patrimônio líquido de forma clara e objetiva.
MEI é obrigado a fazer balanço patrimonial?
Os MEIs não têm obrigação legal de apresentar balanço patrimonial formal, mas podem elaborar esse demonstrativo para facilitar acesso a crédito, manter controle financeiro e atender a exigências específicas de bancos ou licitações. Na dúvida, vale buscar orientação especializada para aproveitar os benefícios dessa prática.
Cuidados que evitam problemas
Como saber se a empresa está saudável?